Poema de Affonso Romano de Sant'ana
Seja bem-vindo ao site de Poemas para Orkut. Aqui você encontra centenas de Mensagem, Poetas, Poemas de Affonso Romano de Sant'ana, Poesias, Mensagens, Pablo Neruda, Poemas famosos, Recados e Scraps para Orkut, Recadinhos e poemas que você pode usar no Orkut, MySpace, Hi5, no seu Blog e Fotolog.
Você está em:
Poemas »
Affonso Romano de Sant'ana »
Despir um corpo a primeira vez
Despir um corpo a primeira vez
Despir um corpo a primeira vez
é um conhecimento entre dois deuses.
Não se pode profanar o instante.
E os amantes devem manter o ritmo dos altares.
Porque, embora nesses rituais haja sempre
panos e trajes para agradar o Olimpo,
é pra nudez total que o céu nos quer quebrar.
As mãos têm que ter um compasso certo.
Um andante ou claro de Bach nos gestos,
compondo a alegria dos homens e mulheres.
As mãos, sobretudo, não podem se apressar.
Com os olhos, têm que aprender e, com a ponta
dos dedos, contemplar os acordes que irão
surgindo quando, peça por peça,
o corpo for se desvestindo ao pé do altar.
Antes de se tocar com as mãos e lábios,
na verdade, já se tocou o corpo alheio
com um distraído olhar sempre envolvente.
E ninguém toca um corpo impunemente.
Despir um corpo a primeira vez não pode ser
coisa de poeta desatento, colhendo futilmente
a flor oferta num abundante canteiro de poesia.
Nem pode ser coisa de um puro microscopista,
que olha as coisas sabiamente.
Se tem que ser de sábio olhar,
que seja do botânico, porque esse saber aflorar
em cada espécie tem de mais secreto ou distante,
o que cada espécie sabe dar.
Despir um corpo a primeira vez
é conhecer, pela primeira vez uma cidade.
E os corpos das cidades têm portas para abrir,
jardins de pousar, torres e altitudes que excitam a visitação.
Quando os corpos se tocam por acaso,
como se estivessem indo em direções diferentes,
o que ocorre é desperdício.
Não se pode tocar um corpo impunemente.
Para se tocar um corpo completa e profundamente,
num dado instante, os corpos têm que se convergir.
E convergir com uma luz diferente.
A descoberta do outro é isso, é convergência.
Despir um corpo a primeira vez
é como despir um presente, por isso não se pode
desembrulhá-lo assim, às pressas, embora a gula
nos precipite afoitos sobre a pele ofertada.
Não se pode com as mãos infantis,
descompassadas, ir rasgando invólucros,
arrebentando cordões com gula que as crianças
só têm nas confeitarias, antes da indigestão.
Um corpo é surpresa, sempre.
É o que se vê nas praias,
nessa pública ostentação, nesse exercício coletivo
de nudez negaceada, em nada tira a eufórica
contentação do ato, quando os dedos vão
desatando botões e beijos,
e rompendo as presilhas das carícias.
Despir um corpo a primeira vez
não é coisa de amador.
Só se o amador for amador da arte de amar,
porque o corpo do outro não pode ter
a sensação de perda, mas a certeza de que
algo nele se somou, que ele é um objeto
luminoso que a outros deve iluminar.
Um corpo a primeira vez, no entanto,
é frágil e pode trincar em alguma parte.
E os menos resistentes se partem,
quando aquele que os tocam
os toca apenas com cobiça e nunca
a generosa mansidão de quem veio
pela primeira vez, e sempre, para amar.
Fonte: Affonso Romano de Sant'Anna
ID: 844
Últimos Poemas
A Importância de Ser Você Mesmo
Reflexão: Certo dia, um Samurai, que era um guerreiro muito orgulhoso,
veio ver um Mestre Zen.
Embora fosse muito famoso, ao olhar o Mestre,
sua beleza e o encanto daquele momento,
o samurai sentiu-se repentinamente inferior.
Ele então disse ao Mestre:
- "Por quê estou me sentindo inferior?
Apenas um momento atrás, tudo estava bem.
Quando aqui entrei, subitamente me...
Canção Excêntrica
Cecília Meireles: Ando à procura de espaço
para o desenho da vida.
Em números me embaraço
e perco sempre a medida.
Se penso encontrar saída,
em vez de abrir um compasso,
protejo-me num abraço
e gero uma despedida.
Se volto sobre meu passo,
é distância perdida.
Meu coração, coisa de aço,
começa a achar um cansaço
esta procura de espaço
para o desenho da vida.
Já por...
Talvez
Pablo Neruda: Talvez não ser,
é ser sem que tu sejas,
sem que vás cortando
o meio dia com uma
flor azul,
sem que caminhes mais tarde
pela névoa e pelos tijolos,
sem essa luz que levas na mão
que, talvez, outros não verão dourada,
que talvez ninguém
soube que crescia
como a origem vermelha da rosa,
sem que sejas, enfim,
sem que viesses brusca,...
Amigos são para sempre
Amizade: Era uma vez um garoto que tinha um temperamento muito explosivo.
Um dia ele recebeu um saco cheio de pregos e uma placa de madeira.
O pai disse a ele que martelasse um prego na tábua toda vez que perdesse a paciência com alguém.
No primeiro dia o garoto colocou 37 pregos...
Folhas da Amizade
Amizade: Existem pessoas em nossas vidas que nos deixam felizes pelo simples fato de terem cruzado o nosso caminho.
Algumas percorrem ao nosso lado, vendo muitas luas passarem, mas outras vemos apenas entre um passo e outro. A todas elas chamamos de amigo.
Há muitos tipos de amigos.
Talvez cada folha de uma árvore caracterize...
Agora vivo num tempo emprestado
Agatha Christie: Agora vivo num tempo emprestado, aguardando na sala de espera pelas reuniões que inevitavelmente virão. E depois - vou para a próxima coisa, seja lá o que for. Quem tem sorte não precisa passar por isso. ...