Últimos Poemas
Nú
Manuel Bandeira: Quando estás vestida,
Ninguém imagina
Os mundos que escondes
Sob as tuas roupas.
(Assim, quando é dia,
Não temos noção
Dos astros que luzem
No profundo céu.
Mas a noite é nua,
E, nua na noite,
Palpitam teus mundos
E os mundos da noite.
Brilham teus joelhos,
Brilha o teu umbigo,
Brilha...
Para o Papai, Tudo Passa...
Dia dos Pais:
Meu pai é um cara engraçado!
Diz que me põe de castigo
Se eu não fizer a lição.
Só que, quando eu não faço,
Ele vem, com decisão
E com ar sério que ele tem,
E diz “desta vez passa”,
Mas na próxima vez, heim...
Se eu levo tombo e choro,
Ele me pega no colo,
Me embala e fica dizendo:
-...
O Engenheiro
Profissões: O homem trabalha
entre a rosa e o trânsito.
Ondas contínuas no seu dorso
de pedra e nuvem.
Martelos.
No papel intacto há linhas
fundamentos de aurora, estrutura
de um mundo pressentido, linhas.
As rosas se dividem
por canteiros iguais
e um pássaro
pousou no arranha-céu.
Quando o engenheiro terminar
o sentimento e a planta,
mãos frescas como folhas
virão sôbre o meu corpo. ...
Vocês Sabiam...
Mulheres: Que as manequins de loja, se fossem mulheres de verdade, seriam magras demais pra menstruar
Que existem no mundo 3 bilhões de mulheres que NÃO se parecem com Super Models
Que Marilyn Monroe vestia manequim 46
Que se Barbie fosse uma mulher de verdade, ela andaria de 4 devido as proporções do...
O Cavalinho Branco
Cecília Meireles: À tarde, o cavalinho branco
está muito cansado:
mas há um pedacinho do campo
onde é sempre feriado.
O cavalo sacode a crina
loura e comprida
e nas verdes ervas atira
sua branca vida.
Seu relincho estremece as raízes
e ele ensina aos ventos
a alegria de sentir livres
seus movimentos.
Trabalhou todo o dia, tanto!
desde a madrugada!
Descansa entre as flores, cavalinho...
A paixão medida
Carlos Drummond de Andrade: Trocaica te amei, com ternura dáctila
e gesto espondeu.
Teus iambos aos meus com força entrelacei.
Em dia alcmânico, o instinto ropálico
rompeu, leonino,
a porta pentâmetra.
Gemido trilongo entre breves murmúrios.
E que mais, e que mais, no crepúsculo ecóico,
senão a quebrada lembrança
de latina, de grega, inumerável delícia? ...